A ciência é o fruto da atividade científica, que pode ser caracterizada por dois aspectos complementares: uma teoria e uma prática. A teoria é constituída por alguns poucos princípios básicos, inalteráveis, e diversos outros princípios auxiliares, alteráveis para que se possam adaptar aos fatos. A prática consiste na procura de fatos que devem estar de acordo com a teoria. A atividade do cientista constante entre estes dois aspectos, a qual vai construindo o edifício da sua ciência.

A formação do cientista inicia-se com a apresentação de sua ciência ‘pronta’, ‘estruturada’, e depois com a prática da mesma por meio de atividades planejadas com o mesmo intuito. A razão disto é para que o estudante não perca tempo, podendo logo se iniciar na pesquisa de sua ciência. Os livros didáticos refletem esta filosofia de ensino e não refletem propriamente a ciência que está sendo feita, a ciência dos cientistas. Uma das formas de caracterizar a evolução de uma ciência é o exame de seus livros didáticos. De um modo geral, quando a dita ciência está no início, a abordagem dos livros didáticos é predominantemente fenomenológica, ou seja, são enfatizados os fatos, os fenômenos, as classificações destacadas, as teorias surgem, timidamente, diluídas no meio dos fatos. Com o amadurecimento da ciência, a coisa se inverte: a abordagem passa a ser teórica, ou seja, a teoria vem em primeiro plano e os fenômenos passam a ser exemplos da teoria.

A ciência espírita pode ser considerada dentro do que se chama ‘ciências humanas’, obviamente as ciências que têm por objetivo central o ser humano em seus diversos aspectos, como a psicologia, a antropologia, a sociologia, a história, etc.

Este é um livro de ‘ciência espírita geral’. Procurou-se dar a eles as características de um texto didático ‘moderno’, tendo a preocupação de iniciar sua exposição a partir dos aspectos teóricos, como, aliás, já havia sido preconizado por Kardec ao interessados em se iniciar no espiritismo.